segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Carrancas
Uma matilha de carrancas
protegem a frente
da casa de artesanato
três totens raivosos
Cérbero decapitado
com sorrisos de raiva
dentes despidos de lábios
bocas temerosas
que beija-flor pensou ser azaléia.
Os cães de cedro
ecoam, ecoam
um coro de lobos em caça
canto esculpido
em suas gargantas vermelhas.
Sigo mastigando imagens,
quando as engulo
escuto de minha língua involuntária.
“Carrancas têm traços de Picasso”
e crio um retrato dele onde
corpo e alma aparecem justapostos.
Ilustração e poema de Solivan
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Sou até aonde vai meu olhar
Eu sou tudo que minha visão alcança, sou enorme
sou até aonde vai meu olhar.
Com meus olhos toco as nuvens e o céu,
com meus olhos sinto os pássaros,
com meus olhos apanho as frutas mais altas.
Sou uma redoma de olhar,
imenso,moldável,
em mim cabe uma parte da rua
com seus carros,
mas a massa do meu olhar para nos prédios.
Se num quarto,
acabo em suas paredes,
em sua janela para a amplidão
sou até a linha do horizonte.
Se vejo a noite vou até as estrelas.
A carne do meu olhar tem tato,
e sente os ventos.
A carne do meu olhar sente gosto,
com ele lambo a prateada lua,
A carne do meu olhar tem olfato
e cheira a primeira flor de
Andrômeda.
Meu olhar é tentáculo
vai ao longínquo,
e toca o fim visível do Cosmos,
Meu olhar é língua de camaleão
e engole estrelas.
Por isto gosto de imensidões, onde meu olhar cresce
e me estendo até o máximo.
Sem meu olhar me reduzo,
fico apenas do tamanho do meu tato,
do tamanho de meu gosto.
Só meu pensamento é ainda maior
que meu olhar
e vai ainda mais longe,
Meu pensamento é o olhar do meu olhar
e chega até depois da linha do horizonte
e chega ao depois do Cosmos.
Poema e ilustração
de Solivan
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Presos na liberdade
Trecho de uma peça teatral
CRUZ
-Ainda achamos pedacinhos de alegria.
No dia áspero, na noite molhada e fria colhemos fragmentos
um sorriso no chão,um cheiro que faz lembrar pão.
GRÃO
- Mas estão tornando-se raros, temo a insensibilidade.
CRUZ
-Estamos presos.
GRÃO
-Estou me acostumado com a angústia
é tão perene que de tanto conviver
já não me incomodar tanto.
CRUZ(a voz que começa normal,
vai se tornando baixa e termina
em resmungos incompreensíveis)
-Estamos presos nesta enorme liberdade
muito maior que nós,
aqui pássaros não morrem contra o vidro
morrem de cansaço,
estamos presos na liberdade
Presos.presos,presos
presos na liberdade,
presos na liberdade.
De Solivan
CRUZ
-Ainda achamos pedacinhos de alegria.
No dia áspero, na noite molhada e fria colhemos fragmentos
um sorriso no chão,um cheiro que faz lembrar pão.
GRÃO
- Mas estão tornando-se raros, temo a insensibilidade.
CRUZ
-Estamos presos.
GRÃO
-Estou me acostumado com a angústia
é tão perene que de tanto conviver
já não me incomodar tanto.
CRUZ(a voz que começa normal,
vai se tornando baixa e termina
em resmungos incompreensíveis)
-Estamos presos nesta enorme liberdade
muito maior que nós,
aqui pássaros não morrem contra o vidro
morrem de cansaço,
estamos presos na liberdade
Presos.presos,presos
presos na liberdade,
presos na liberdade.
De Solivan
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
O prego no pé do menino
Sob os olhos a venda estampada
da distração.
O prego canino oxidado o espera
escondido na realidade.
No pé do menino
floresceu uma rosa
pétalas saem do corte
em um rosário rubro.
Em seu colo, maternal
embala seu pé tingido de dor
que lateja
no mesmo compasso dos segundos.
Se a concha tem o som do mar
no canto de seus olhos tem
sabor de água do mar.
poema e ilustração Solivan
obrigado kelly por seu poema
Feliz poeta ,Solivan Brugnara
Feliz poeta que as palavras
lhe escorrem pelos dedos,
misturan-se à tinta da caneta
e mancham por conta própria
a brancura do papel.
Feliz poeta que o tempo
vê passar a vida:
O detalhe. Feliz poeta que cola a vida
nas palavras,
faz delas vivas por si.
Feliz poeta que arranca
a dureza ao coração
faz sorrir os olhos de quem lê.
Feliz poeta beija-flor.
Mastiga palavras pra alimentar
a mente aos filhotes famintos.
Feliz poeta.
Sacode o mundo
tritura emoções.
Mastiga o velho e vomita o novo.
O seu próprio novo.
De Kelly Hrysay
11/09/2010
Feliz poeta que as palavras
lhe escorrem pelos dedos,
misturan-se à tinta da caneta
e mancham por conta própria
a brancura do papel.
Feliz poeta que o tempo
vê passar a vida:
O detalhe. Feliz poeta que cola a vida
nas palavras,
faz delas vivas por si.
Feliz poeta que arranca
a dureza ao coração
faz sorrir os olhos de quem lê.
Feliz poeta beija-flor.
Mastiga palavras pra alimentar
a mente aos filhotes famintos.
Feliz poeta.
Sacode o mundo
tritura emoções.
Mastiga o velho e vomita o novo.
O seu próprio novo.
De Kelly Hrysay
11/09/2010
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