sexta-feira, 7 de maio de 2010

O lobisomem e o mel

Espiava da copada da guajuvira
escondia até meu olho que é azul
e parecia com o céu atrás das folhagens.
Dizem, lobisomem gosta de ave
porque tem gosto de carne de anjo,
mas aquele gostava era de mel
passou nambu, nem notou.
O bicho mordia o favo
arfava, como cio, queria sentir o cheiro
que era de remela de flor de maria-mole.
Se lambuzava e gania
olho grande,
achava bonito
o mel farto, grosso
que caia lerdo, cheio de preguiça,
florido de brilho na sua boca.
Comia com abelha e tudo,
apimentava o mel com ferroada.
Quando acabou, lambeu os respingos na terra,
depois as mãos e chupou os pêlos.
Então deitou, doeu, gemeu, doeu, gemeu.
Muito mel arde na barriga,
é comer urtiga.
Revirado em homem, foi, mãos nas tripas.
Desci da guajuvira,
meu olho já não era céu.

De Solivan

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