terça-feira, 25 de setembro de 2012

Meus arames farpados de molho em um amaciante



Vou recolocar o mesmo som.
Virar do avesso um rosnado
e por meus arames farpados de molho em um amaciante.

Com esculturas diluentes na boca
mudar seu nome para maçã
e encaixar a eternidade dentro de um segundo,
então contemplar minha obra:
bela e frágil como o dedo mindinho de um bebê.

E pensar no maior volume que conseguir pensar
uma canção:
Nas vendas negras coloquei algumas estrelas,
nas mordaças um sabor de mirtilos,
E dancei com os ouvidos acariciados por sinfonias
e dancei
com ao meu corpo sensível como um falo
no cosmos tão feminino.

Solivan

terça-feira, 11 de setembro de 2012


Elogio a tua comida

Amor,
aconchego-me
no afrodisíaco
e quente odor da cozinha.
É bom vê-la
salpicar
um pouco de mar
de oliveiras e vinhedos
sobre a salada.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Aleijadinho
A carne e a pedra

Era só o que fez, carne tive que procurar
pois não havia corpo só obra quando pensava
no Aleijadinho à Medusa inversa, ao olhar
para a pedra ela em homem se transformava.

A roxa meia mão esculpia de mão cheia
via profetas por dentro da ostra-pedra
sua idolatria não peca, pois, encandeia
e por alquimia o divino em nós engendra.

Quem o cerne vestiu de Cristo martirizado
na face prendeu toda a dor de quem foi cruz
diante do espelho sem braços e bêbado
fez com estátuas torsas metáforas-luz.

E corou o cerro pôs neste altar igreja
deu mão que não teve ao monte num alvo lume
lá a hóstia dada pela estátua alveja
o peito sudário e seu semblante imprime.

O retábulo move-se, a ornada ação
voa sacra e graciosa como sólida música
no céu com anjos crioulos a premonição
a nossa negra aparecida lúdica.

Onde caríatides sustentam o esplendor
com músculos fortes de Atlas, não de Sansão
fez o gesto eterno e santificou o escultor
a rocha do caminho seu mel, fel e pão.

No leitor tela do poeta quis pintar
com palavras, tinta da minha arte
barrocas visões e emoções a girar
como febris imagens dantes da morte.



Poema de Solivan