segunda-feira, 28 de novembro de 2011

trecho da peça "Presos na liberdade".

GRÃO
- E bom descansar, vou ficar aqui até aparecerem escaras.

CRUZ
-Céu, oceano, sem decoração,
não suporto, eu sou exuberante.

GRÃO
-Reencontramos as cadeiras, elas me dão paz
são as mesmas de ontem.


CRUZ
- Será?
ontem não tinha uma flor.

GRÃO
-São as mesmas,
as mesmas que encontramos todos os dias,
as mesmas desconfortáveis, velhas e com as marcas de sempre
que nos esperam todos os dias como dois cães doentes mas amigáveis.

CRUZ
-Você olhou para as marcas da cadeira?

GRÃO
-Quando começaram a se repetir, repetir, repetir
prestei atenção, as marcas, há nomes nelas,
palavrões e corações com iniciais.

CRUZ
- Outros perdidos já mortos e suas marcas ruprestes.
as cadeiras parecem duas putas velhas tatuadas
abandonadas num presídio.
Uma delas enfeitada com uma flor.

GRÃO
-Será que o casal, quem?tem curiosidade?(incompressível como quem quer
falar três frases em uma)

CRUZ
-Que?Que casal?

GRÃO
-O coração com inicias, será que ainda são um casal?(mais articulado)

CRUZ
- Duvido, isto e muito rude, estéril, amor precisa
de pelo menos uma pluma,
um traço de perfume,um pedacinho de cetim.

GRÃO
-Certos pássaros fazem ninhos com pedras.

CRUZ
-Esta vendo alguma pedra?

GRÃO
(Mudando de assunto)
- Gosto de retornar,
voltar ao início,
sair da rota migratória nos levará ao nada.

CRUZ
-Ou ao antônimo.

GRÃO
- Aqui é mais confortável,
pelo menos chegamos.E há a flor.


CRUZ
- Chegamos a duas cadeiras velhas,
com um coração rasurado, palavrões
e uma flor. Notou como corações amorosos
e xingamentos estão novamente juntos,
(Desdenhando)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Decantação ou águas coloridas






Antes de serem bebidas
pelas cidades
as águas deveriam
refletir o verde amargo das arvores
iria fazer bem para os estômagos
e serem coloridas
pelo amanhecer
e o entardecer.
. Então esta água
terá muitas cores, mesmo sendo incolor.
Com o homem que viu quadros abstratos
tem cores dentro dele.


fotos do Rio iguaçu e Poemas de Solivan

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Poema feito com sobras de outros poemas.






Não gosto de decorar poemas,
prefiro falar poemas com um livro na mão
o livro é meu instrumento musical.

É uma insensatez
seu bom senso.

Vinho
feito com uvas do Edém.

Assepsia me causa
intoxicação alimentar


Retorna a Ithaca NY
Enfrentado uma jornada
de ventos e perigos
a frágil
a borboleta monarca.


São Paulo quase não tem estrelas.
Eu e as estrelas preferimos
as cidades pequenas.

Que seja lei,
as estatuas
de Manuel de Barros
devem ser sempre de argila.

Mesmo no inverno
o mar tem cheiro de verão.

Sou o mesmo incoerente de sempre.

Cortem todas as arvores,
mas por favor deixem as sombras.

A morosidade
é inimiga da perfeição.

Havia uma pedra
no caminho de Davi.
Havia uma pedra,
felizmente havia uma pedra.



O sol faz
malabarismos com os planetas.

Extrai mel do sal.

Sobre a indignação,
notei que
soco na mesa
é sempre na silaba tônica.

Um tiro
e o poeta
sangrou uma bandeira soviética.

Anjo marinho
com as barbatanas amputadas.

Fico aqui
lapidando vidro.

Tudo é melhor quando feito com carinho
ate mesmo sadomasoquismo.

A chuva
cai como crinas,
nuvens galopando.

Todo o grande romancista é poeta.
Todo e grande dramaturgo é poeta.
Todo o grande poeta é poeta.

Pintar uma marinha me lembrou
quando acariciei seus cabelos.


É bom o pesado livro de Bolanõs,
e me deixou com o ante-braço mais forte.

Ó Virgem Maria
cresce no teu ventre
a perola
que falará de paz.


Amor quebrado em mil pedaços,
porem ela sabe montar quebra-cabeças.

O profeta
recorda o futuro.

Vida é um cavalo dócil
que enlouquece
ao sentir o cheiro da velhice
sobre suas ancas.

Faço meu chá com águas do abismo.

Platéia de carrancas
do São Francisco para sua comedia.

Sal que adoça meu dia.

Gargalhar tem um som
parecido com o de soltar pombos.

Beethoven,
A sinfonia é tua alma
que se desprendeu do corpo.

Vou esculpir uma Vênus renascentista
usando como pedra o urinol de Duchanp.

Hexágono amoroso

Mesmo
Que me cortem a asa direita,
Reaprendo
e alço um vôo torto,
só com a asa esquerda.

O mais importante em um poema são as perguntas,
mesmo que o poema não tenha perguntas.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

revista Babel 2

Amigos meus poemas sobre Quedas Do Iguaçu,minha querida cidade,
estão na Revista literária Babel 2
editada por Ademir Demarchi

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Oferendas dos homens para os deuses




Ó Iemanjá, a rainha do mar
Beba os esgotos que te ofertamos

Ó anjos, Ó querubins, Ó belo e corajoso Arcanjo,
Receba em suas nuvens alvas
As emanações dos escapamentos
E dos chaminés de fabrica

Ó Hades, Ò Netuno
Aceita estes rejeitos atômicos postos em teu altar.

Ò Gaia,
Em tua formosa boca colocamos os aterros sanitários,

Ó Apolo,
Do belo loureiro que tocou
Cortaremos os galhos
E os braços de Dafne,os seios,
Serão incinerados em uma termoelétrica.


Poema e ilustração de Solivan