segunda-feira, 25 de abril de 2011

Profecia



Na minha morte
milhões de pássaros vão cantar
por que milhões de pássaros cantam sempre.

Crianças nascerão,
por que crianças nascem todos os dias.
e como combinado também
muitos homens morrerão na mesma hora

que homens morrem a todo minuto.

flores se abrirão
por mais que aqui possa ser inverno

mas em algum lugar do mundo será primavera
e lá as flores se abrirão.

E rosas secarão em jardins e floriculturas
Porque há muito tempo que rosas secam nos jardins
e causam prejuízo nas floriculturas.

neste dia uma pomba fará seu primeiro voo
e nos cantos escuros e camas de toda a terra
haverá êxtases e fecundações
e terá em algum lugar chuva em outro sol
em metade do planeta será claro em outro escuro
como no ing-iang.

E posso profetizar
Que na exata hora da minha morte

alguns copos e pratos se quebrarão
para sempre
por que é corriqueiro que pratos quebrem.


Poema e ilustração de Solivan

8 comentários:

  1. E a vida continuará para o mundo com a nossa ausência. Oxalá alguns versos sobrevivam em algumas memórias!Por enquanto, quebremos pratos e taças em homenagem à vida! Um beijo, Poeta!

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  2. Quando eu morrer, a tristeza vai acabar e os anjos farão festa no céu e eu habitarei na casa do Altíssimo!

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  3. vc traduziu em poesia esse sentimento q vem se apoderando dos meus dias, talvez pelas condições de minha mãe, que vagarosa e serenamente vai se apagando. Solivan, dure. Dure mais e mais.

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  4. Rita lembra daquele poema do W. H. Auden,
    o meu é seu oposto, porque o mundo não para,(Ainda bem) a morte é coloquial,mas enquanto posso vou ajuda-la nos pratos quebrados em homenagem a vida
    e obrigado pela ajuda neste poema.

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  5. Espero que se possa entrar com meu querido prisma
    Mari nos aeroportos não deixaram leva-lo.

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  6. Sinto muito pela sua mãe Neuzza,vou tentar minha querida Neuzza quero rever você para cantarmos novamente.

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  7. Encantada com seus livros, seus poemas, suas soluções estéticas. Muito obrigada pelo presente valioso que você me mandou.

    Um abraço grande, Ana

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  8. De nada Ana obrigado a você, por seu olhar sensível acariciar o dorso de meus livros.

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