segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Presos na liberdade(fragmento)

Fragmento do terceiro ato

GRÃO
-Será que isto é um sonho.

CRUZ
- Tenho fome.


GRÃO
-Pode ser um sonho mesmo assim,
ja sonhei que bebia água, bebia,e minha sede não cessava
acordei sedento.Se sonhamos é um sonho agarrado a realidade.

CRUZ
-A fome é o nada que se contorce e grita em mim
me lembra este vazio,
me sinto sem casulo,nu, no espaço, sem norte ou sul
céu ou chão,esquerda ou direita
um pombo cansado perdido em Andrômeda tentando
voltar para Terra
eu desejo tocar,desejo uma prisão,
me sinto soterrado no vácuo.
sou uma língua sadia proibida de falar,
um olho sadio obrigado a não abrir as pálpebras.
um devasso casto.
Paredes, preciso acariciar paredes
Nem meu olhar, meu olhar não consegue tocar em nada.

GRÃO
- Você tem a aliança, é algo para olhar.

CRUZ
- E você tem um nautillus (enquanto fala admira o brinco em sua mão )

GRÃO
- Perdi.

CRUZ
-Estou cansado de liberdade
dói ver tanta distancia
saber que estamos caminhando para o nada.
meus passo são tão pequenos
e meu olhar vai tão longe
meu olhos são batedores e me avisam do vazio
é difícil manter a esperança.
sabendo que só existe solidão no horizonte.

GRÃO
- Queria ter um cavalo, galopar.
CRUZ
- Eu queria ver uma miragem, mas não consigo.

GRÃO
-O azul é amargo, sinto ânsias se olhar o horizonte
então sonho,
Aqui fora não há nada, é tudo intangível, distante,
olho lembranças.

CRUZ
- A desolação já entrou em mim,
tenho por dentro a mesma paisagem.

De Solivan

4 comentários:

  1. Quanta dor,é aquela peça dos perdidos no oceano?
    Lidia

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  2. O drama é um fascínio. Ouvir suas palavras, seu texto dramático deu vontade de ler, escrever, ser feliz. Um beijo! perdão pela ausência! Andei ocupada em tarefas pedagógicas. Ou seja, estou sequiosa de poesia. Parabéns pelo texto, sacudiu a atriz. beijos!

    p.s.: é claro que a poesia também ronda o meu fazer pedagógico.

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  3. é Lidia,dos personagens que andam sobre as águas.

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  4. oi Rita,que bom, sua volta era esperada.

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