quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O cubo (Fragmento)



Desejava ainda ser o herói que todos esperavam, mas não conseguia, a absurda falta de acontecimentos me impedia, meu orgulho estava oxidado corroído, e sem o suporte do orgulho a espinha não consegue deixar o corpo ereto. Passei a ser cínico e amargo, escarnecia a humanidade, aliás, nem somos humanos ainda, somos híbridos de instintos siamescos apenas atenuados, semi-selvagens, uma raça na puberdade, cheia de ereções, que precisa conquistar, derrotar, de júbilo não de paz, encha de paz e segurança a humanidade e os índices de suicídios aumentam. Como híbridos não temos a verdadeira liberdade do selvagem, que está na luta franca dos animais pelo poder, uma luta que longe de ser apenas a lei do mais forte, e também da velocidade, agilidade, fugas, de camuflagem e venenos, uma luta sofisticada como conspirações palacianas, uma liberdade bem mais elaborada e real, que não é tolhida por leis, dúbias, cheias de interpretações, um engodo que aprisiona lobos para que os leões possam engordar seus cordeiros. Se o natural é perfeito e busca seu equilíbrio, o que é tocado pelo monstro híbrido chamado homo sapiens, torna-se grosseiro, a árvore é perfeita, mas sua lenha tem algo de tosco, porque tocada por semi-selvagens, deixamos tudo que tocamos rude, inacabado, nada é conclusivo, sejam, leis, sistema político, filosofia, tecnologia, em tudo temos que evoluir, e se temos que evoluir, substituir, é porque não chegamos ao perfeito, talvez quando alcançar a condição de homens voltaremos ao perfeito, mas enquanto híbrido, não confio neste símiomem, em sua evolução convulsa, que cria sistemas achando culpados superficiais, sem levar em conta seu verdadeiro inimigo, os instintos, a vontade que temos de nos sobressair, a sede de poder, quando o socialismo acabou com o poder econômico, este foi rapidamente preenchido pelo ainda mais truculento poder político, os instintos infelizmente sempre acham seu lugar.


Conto e ilustração de Solivan

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. O homem evoluiu a partir de sua relaçao com a natureza, transformou-a, e neste processo transformou a si proprio, foi criando habilidades, consciencia e aprendendo a se relacionar socialmente.

    Mas penso que tbem ao tocar a natureza criamos riquezas e coisas boas, a arvore é perfeita, mas possibilita o papel, casas... isso é resultado da inteligencia do homem. Entao vejo que ele pode interagir com a natureza e criar coisas belas e úteis. As nossas necessidades demandam evoluçao e aperfeiçoamento. Nao estamos prontos ainda!

    Boa reflexao Solivan!

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  3. oi mari,que bom ver você novamente aqui.

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  4. É Eliane ainda não estamos prontos,quase nada é conclusivo.
    portanto imperfeito.

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  5. eu acredito no que diz minha irmã, Sandra:
    é preciso zerar tudo, aí quem sabe um outro ser evolua
    e daqui a bilhões de anos, tudo vai ser diferente.
    Não há antídoto que dê conta do nosso veneno.

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  6. sabe que eu acho Neuzza,estamos na pre-historia ainda,temos orgulho de nossos aviões,de nossas cirurgias,de nossos computadores
    a mais delicadeza,mais sabedoria,mais mistérios em uma folha que em toda nossa tecnologia junta,podemos ir a lua ,nas estamos longe de conseguirmos criar uma forma simples de vida,podemos pegar um DNA e modifica-lo,mas não criar uma,da aguá, da terra como faz a vida,somos uns ignorantes.

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  7. concordo, Solivan, o ser humano, a nossa espécie, vai à lua mas não vai a si mesmo. Bjs!
    não entendi o seu recado sobre poema e revista.
    Me mande por email ou FB.

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