segunda-feira, 5 de março de 2012

poemas para uma banda de heavy metal que nunca existiu

1. Crime e castigo

Eletrocutado por meus crimes
entro no inferno.

Cérbero rosna, late,
mostra as estalactites de sua boca.
Seu hálito é de cova coletiva.

O balseiro nos deixa em um ermo.
Vento quente como
sopro de dragão queima minha face.

O guia acorrenta a todos,
sou levado do com outros mortos
pelos círculos.
Porém minhas algemas
são diferentes.
Tem meus crimes cinzelados em ouro
e sangrentos rubis incrustados.
Parece com um bracelete.

Alguns cevados foram deixados
em celas solitárias e sentiam tanta gula,
que começaram a devorar os próprios braços.

Em um fosso com raivosos animais.
Leão e hiena num mesmo corpo,
lideravam uma estranha matilha
De cães mesclados com felinos.
Mostravam seus caninos quebrados,
porque quando faltava presas
atacavam os rochedos.
Eram tão furiosos porque detestavam
a metade de si mesmo.
Para estas bestas foram arremessados
os que desejavam serem santos,
mas foram devassos.
Uma mulher que teve vida cheia de luxúria
foi acorrentada,
e um estripador começou a copular em sua carne
com uma faca.
Foi obrigada a chupar uma serpente.
Ferrões de arraias penetravam em seus olhos.



Meu último acompanhante,
um maledicente, foi abandonado em árido deserto.
Abutres punham ovos em sua boca.

Fiquei apenas com meu guia,
temi pelo meu castigo,
era o que tinha feito os crimes mais horríveis.
Multidões de demônios vermelhos como sangue fresco
abriam-se como o mar para Moisés
em nossa passagem.
Fui levado até o trono de Satã,
ouvi sua voz enlameada
ordenando sua guarda imperial
a jogar fetos para a multidão esfomeada.

Beijo sua mão com cheiro do ânus
de um efebo que estava em seu colo.

O Imperador então me fala docemente.
- Nada temas meu protegido,
castigos são para pequenos pecadores,
matadores se tornam meus príncipes.
E como conhecia meus desejos,
pede para me trazerem uma lactente.
Como um vampiro sedento
mordo os seios intumescidos.
Sugo leite e sangue.
Peço vinho e sou atendido.

Poema de Solivan

5 comentários:

  1. Cheira aos Círculos, à Malebolge...
    Caronte sempre será boa companhia,
    conheço quem copula com facas, inda no exato,purgando seus pecados...
    Mas, "castigos são para pequenos pecadores"
    Assombroso e admirável...

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  2. Como Dante e Baudelaire e Rimbaud quis também
    escrever sobre o inferno leandro.

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  3. sangue, leite e vinho, Solivan, sob o fogo infernal, ah, pecadores...

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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