quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ribeirão Preto

Hopper,
foi minha primeira associação
quando entrei no hotel.
Lembra um quadro de Hopper.
O corredor escuro
parece levar ao infinito
como num jogo de espelhos
e tem odor de gavetas cinqüentenárias,
um túnel
mal iluminado desabitado
de fiação exposta
os fios, riscos coloridos
são as únicas alegrias do teto.
Passo por inúmeras portas grandes, insondáveis
esses vultos negros
perfilados guardiões
repetiam-se em ecos visuais
esfaqueei um deles no quadril
com a chave
e entrei
no meu quarto antiquado
com porta chapéu.
Móveis semelhantes à alaúdes
escuros, gigantescos
fazem me sentir pequeno.
uma escova de dente amarela
cheia de pó
sobre o guarda roupa
deixa uma impressão
de objeto abandonado numa cripta.
A janela dá para velhos telhados
e caixas d‘água com musgos ressequidos
aprisionados num retângulo
entre o prédios do hotel e outro,
depois dos telhados cor de dunas
com manchas negras
dia salpicado de noite,
flamam num oásis verde as árvores da praça.
Após esquadrinhar quarto e vista
saio
percorro novamente o corredor, sempre sozinho
percebo que acaba numa vidraça longínqua
hoje está azul, tingido pelo céu
porque o vidro
tem a cor camaleônica das transparências.



De Solivan

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