sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Matadores de borboletas azuis

Não perdôo, não perdôo os soldados franceses
que colocaram suas línguas ferinas
nos canhões
e destruíram
a estátua eqüestre de Leonardo.
Argila mais bela desde Adão.
Destruíram
a escultura
que era das coisas mortas, a mais viva.
Porque não recolheram os fragmentos amorosamente
ate a invenção do superbonder?
Os críticos que jogam ausências são filhos e netos destes soldados.


Não perdôo os fascistas, não perdôo
com fuzis atiram dentes de leopardo em Lorca
e a multidão de poemas ainda em casulos
dentro dele
agora são mortalhas.
Matar um poeta é queimar livros antes da publicação.


Não perdôo, não perdôo o vândalo
que destroçou o rosto de Pasolini como um vaso vermelho.
Dentro deste canopo tinha tantos filmes e poemas viscerais
que foram quebrados antes da descoberta.


Não perdôo Maiakovski, não perdôo,
teu sangue tem cheiro de poemas mortos.
Você também assassinou um poeta
com seu suicídio.


De Solivan

4 comentários:

  1. Meu amigo Solivan, mais um belíssimo texto!
    "Você também assassinou um poeta com seu suicídio."
    Pactuo da mesma idéia, digo que um suicida é também um aproveitador da situação, da sua proximidade com a vítima, da confiança que a vítima tem dele... enfim, um suicida é um traidor de si mesmo.

    ResponderExcluir
  2. Carlos sua rara visita é sempre um brinde.

    um abraço de seu amigo

    ResponderExcluir
  3. Oi Solivan. Teu novo blog está bem leve. Gostei muit.
    Como eu já disse, reafirmo: Esse poema é maravilhoso. Me permite publicá-lo em meu blog?

    ResponderExcluir
  4. Claro Marilda,o poema é seu.
    E o seu blog, posso incluí-lo na minha lista de blogs?
    Seja bem vinda ao Pergaminhos.

    Solivan

    ResponderExcluir