Nono
chegaste tão cheio de mar
cheio de Itália
e neste mar, nesta Itália dentro de ti
foram entrando Santa Catarina
os olhos teus foram engolindo
todo o sul do Brasil
e o sul
foi dando brasilidade
ao rosto teu.
Meu nonito, em ti
os defeitos eram só risíveis defeitos
os palavrões eram ledos em tua boca
flores nascidas do vinho em seu peito
de tua alma latina
teu falar era alegre,
trançado de duas línguas.
Unhas sujas de tanta terra
de tanto plantar com as mãos,
seus filhos plantam com aço
e dão mãos de aço aos filhos.
Nonito, saudades de tua mão de carne
fruto áspero e rude
de onde retirava carinhos
tal como fazem os homens
com o algodoeiro.
Ilustração e poema
de Solivan