terça-feira, 16 de novembro de 2010

Presos na liberdade

Trecho de uma peça teatral

CRUZ
-Ainda achamos pedacinhos de alegria.
No dia áspero, na noite molhada e fria colhemos fragmentos
um sorriso no chão,um cheiro que faz lembrar pão.

GRÃO
- Mas estão tornando-se raros, temo a insensibilidade.

CRUZ
-Estamos presos.

GRÃO
-Estou me acostumado com a angústia
é tão perene que de tanto conviver
já não me incomodar tanto.

CRUZ(a voz que começa normal,
vai se tornando baixa e termina
em resmungos incompreensíveis)
-Estamos presos nesta enorme liberdade
muito maior que nós,
aqui pássaros não morrem contra o vidro
morrem de cansaço,
estamos presos na liberdade
Presos.presos,presos
presos na liberdade,
presos na liberdade.

De Solivan

4 comentários:

  1. Liberdade, liberdade...algumas pessoas sentem tão intensamente essa experiência, que no fim não se dão conta que estão presos...

    Pois é poeta, apareci para ler algo novo.

    ResponderExcluir
  2. Oi Marisete, que bom que apareceu,
    venha sempre que quiser.

    Solivan

    ResponderExcluir
  3. cheiro de pão...adoro cheiro de pão, Solivan.
    A lanterna chinesa que vc acendeu no meu Spirituals é perene.
    Pelo menos a gente tem a liberdade de ser como é, de escrever nossos versos a despeito dos sons incompreensíveis deste mundo incompreensível.]bj, poeta!

    ResponderExcluir
  4. As vezes Neuzza acho que temos a liberdade de quem esta perdido do deserto
    de ir e vir na arides.Mas ainda temos olor de pão para nos dar prazer.

    ResponderExcluir