sexta-feira, 1 de junho de 2012

Despeito


Chega
de lamber livros sujos e insossos
nas bibliotecas municipais. Não bebo mais leite empoeirado
de tetas velhas.
Quis meu lugar
mas livrarias e medalha, medalha,medalha como Mutley.
Agora vou jogar para o primeiro cão que aparecer
o osso de Homero
que comprei de um camelo de relíquias. Eu e as pombas estamos
cagando para as estátuas das praças. Quero cuspir na cara de um
auto-retrato de Rembrandt.
E fazer salada
de ciprestes impressionistas roubados. Sair
com um bando selvagem,
e matar a flechadas o touro de bronze da Wall Street.
Repartir em postas, assar
e comer com vinho barato
em um beco sujo.
Não aguento mais ver nos museus a cara centenária, mumificada do novo em sua tumba. Hora de procurar por outra coisa menos rançosa.
Vou colocar
um dedo de uma estátua grega
dentro de lata de salsichas. E com o dinheiro da indenização
tomar cerveja, transar e assistir pica-pau
nas tarde quentes. E quando estiver entediado
dobrar origamis e aviõezinhos com folhas retiradas da divina comédia
e jogar pela janela do apartamento.
Impedirei que alimentem as obras de Botero
até elas virarem El Grego.
Não cederei meu lugar neste metro lotado. Nem que entre
uma Virgem Maria renascentista como o menino.
Paguei pelo ticket.
E num dia de bebedeira, por fogo inquisitorial em uma livraria de shopping e gritar para os comparsas.
Exagerem na gasolina que os livros são aguados. Ah, sentar bebendo vodka e
sentir o cheiro bom de livros de bruxas e magos queimando, queimando,
deliciosamente queimando.


De Solivan

Um comentário:

  1. Mtos desvalorizam as obras dos soutros.Não aceitam o gosto da vitória alheia.

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