sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Frida(fragmento)

Frida, Frida que dó que sinto.
Pregos, facas, flechas
em teu corpo.
Frida, Frida que dó que sinto.
Pregos, facas, flechas
em teu corpo.
Médicos em couraças romanas
martelam pregos em teu antebraço.
Pregos pregos pregos pregos pregos pregos pregos pregos pregos pregos pregos
pregos pregos pregos pregos pregos pregos pregos pregos pregos pregos pregos
Teu corpo parece a tábua do atirador de facas.
Facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas facas
Um veadinho São Sebastião.
Flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas flechas
Frida dor, Frida dor.

Que coragem tem uma mulher ao morrer!
Que coragem! Homens são covardes.
Diego sente o hálito da morte na boca de seu túmulo.
Por que morrer
Frida ferida?
Ai, teu útero de frutos verdes.
Dá-me seu cabelo cortado
quero fazer tranças e feitiços.
Põe velas para Karl Marx.
Faça promessas a Karl Marx.
E procissões a Karl Marx.
Dê Fé mexicana a Karl Marx.
Peça aquela mulher
para pôr o pênis em você.
Frida sobre uma coluna quebrada
sustentou Diego.
Ai, pensava em Diego.
Ai, como Diego pesava e como era leve.
E como Diego era lágrimas e como era sorriso.
Tequila para Frida.
Tequila que queima minha língua.
Tequila queima, é fogo do Espírito Santo.
Por que morrer Frida?
Por que, morrer estes teus olhos fortes de toureiro
em frente ao touro?
Por que morrer Frida, por quê?!
Ai, queria ter sido um filho teu
destes que não vingaram
três meses em teu útero
valeriam por noventa anos de vida, Frida.
Três meses vestido com teu corpo.
Três meses ouvindo tua voz carinhosa.
Às três horas
depois da siesta
fazia amor com Diego
na tarde quente.
Ele dizia coisas engraçadas e você ria
depois alimentava pavões no pátio.
Por que morrer, Frida, por quê?


De Solivan
do livro encantador de serpentes

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