sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Minha alma é errante toca em tudo

Entra nas cobras,
entoca-se no cerne das árvores,
nos rios,
em balaios kaikanges,
dentro
de uma andorinha em migração,
dentro de um abutre
e consegue comer como carniça com gosto.
Minha alma entra
numa orquídea e explode em flor.

Cavalga no centauro Gerridae
pelos sete mares.
No grifo Actias Luna
que voou em torno do sol
até morrer.

Minha alma viu
o caçador levar a anta abatida
nas costas até o shopping center,
estaquear, carnear e comer.


Minha alma sentiu
e gritou:
Beethoven, Beethoven!
como deve ter sido difícil
e pesado levar dentro
do peito a nona sinfonia,
deve ser como ter uma tempestade no peito
se debatendo dentro do útero,
chutando a barriga.
Que alivio quando finalmente nasceu.

De Solivan

Nenhum comentário:

Postar um comentário