sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Diário de Ariel

1. Entre
o dia e a noite
pelo jogo de xadrez
o claro e o negro
contornados por horas coloridas
cheguei
a um dia de claridade intensa, de início
fui sublime
esperando ser ao menos
Ícaro entre os anjos,
com movimentos involuntários e inocentes
iguais ao de um coração,
minhas asas agarraram-se ao céu
e escalaram o firmamento.
Ouvi o canto das águias
e passei por um caminho
no fundo de um desfiladeiro monumental de nuvens
brancas e ofuscantes.
Subi maravilhado,
então onde o cerúleo
transforma-se em um negro estampado de
estrelas,
caí, como Lúcifer após a batalha.
Nas mãos, nas unhas sujas de azul,
pedaços de céu apanhados no desespero da queda.
Mas sou cheio de vida
e descobri o prazer do vinho barato
e da guimba pega no cinzeiro
e entre pernas generosas
solto o odor quente e viscoso do meu sêmen
impregnando um quadro pobre
com meu êxtase viril.
Então sou cisne traidor e divino
sobre Leda.

De Solivan

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