segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Interferência:Um poema de Sylvia Beirute

PEQUENO POEMA PARA A MORTE

que a palavra te redima do erro. que a palavra seja o erro.

luís quintais

primeiro: preparar a sombra. rumorejá-la. desflorá-la.
segundo: escolher o objecto. fixá-lo. intuí-lo. medi-lo.
terceiro: retirar o objecto lentamente. analisar a sombra.
quarto: estender o corpo populoso no solo, sobre a sombra.
quinto: imaginar o objecto excluído.
sexto: sentir o corpo adquirir a forma do objecto excluído.
sétimo: sentir a sombra percorrer a distância
entre o corpo e o objecto excluído como se tivesse
havido contemporaneidade entre os dois.
oitavo: analisar a sombra do ponto de vista dos relevos
adquiridos e danos residuais.
nono: excluir a sombra. {o terno é a antítese do eterno}
décimo: fechar o corpo.

Sylvia Beirute

2 comentários:

  1. ah, os relevos adquiridos, os danos residuais...
    Quisera ter controle sobre a minha sombra, mover, abrir-fechar o corpo terna e eternamente...
    um poema forte e estranho

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  2. Também achei belo Neuzza,misterioso mas belo,e longe da estranheza que aborrece, esta mais para a estranheza que instiga.

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