segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Quintais oníricos


Gosto de artemistificar a morte
Compara-la a quintais abandonados.
Porque vejo
na briga de galo
entre a guaxuma e o picão
renitência do sempre renascer.
Da inútil na insistência de florir
sua flor feia e dissonante
sua flor desperfumada.
Sempre que vejo quintais abandonados
sinto vontade de ser novamente
o menino
que via revoada de rainhas vestidas
Com azas núpciais
que enluarava telhados
engrutava porões
para-dificava guarda chuvas
cachoeirizava torneiras
e savanizava quintais abandonados.
De o meu brincar sem nunca individualizar
sem nomear, sem especificar
todas as formigas eram formigas.
Assim nada morre
tudo continua, se um gafanhoto morre
não importava
os gafanhotos não morreram
outro igual nascia e o pedaço era reposto.
Meus soldados também eram renitentes
morriam e renasciam
como gaxumba.
Só a perca era uma espécie de morrer
e o achar ressurreição.
Outros quintais abandonados
Em outros lugares são só quintais abandonados
Quintais oníricos
São os quintais de Quedas
Quintais com guaxuma e picão que reencarnam.

Ilustração e poema de
Solivan

2 comentários:

  1. Solivan, me lembrei da minha infância no interior do Paraná, mata adentro nos terrenos baldios ou mesmo entre os cafezais, catando maria-preta e juá. Me lembro do picão grudando
    na roupa. Denunciava à minha mãe as minhas andanças. Quando eu exagerava, ela preparava uma vara de guaxumba, fininha...A vara cantava no ar, sibilava nas minhas pernas. E me lembrei também das maravilhas, de muitas cores. A gente fazia colares, tiaras...São os nossos quintais,
    Solivan. Viva os nossos quintais!
    beijos e mande notícias

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  2. Oi Neuza,tivemos uma infancia parecida,
    com frutinhas da mata e varinhas.

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