segunda-feira, 7 de março de 2011

A rudeza




Vai pela estrada, Rimbaud
no peito o ouro sem metáfora
bebe a si próprio no suor que cai dos seus lábios
e a fome come-lhe o corpo.
O calor faz a alma presa no corpo agitar-se feito um feto inquieto e febril
logo vai despetalar a roxa perna.
No quarto
de odor enfermo como hálito de um celibatário
com a angústia de um pássaro sem asas,
seu coração já coto debate-se ante o céu azul visto da janela.

Poema e ilustração de solivan

8 comentários:

  1. Mais um belo poema que publicas, acompanhado de uma ilustração igualmente bela.

    Obrigada, mais uma vez, pela visita ao onzepalavras, e por ouvir.

    Abraços, Ana

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Um brinde aos malditos! Um brinde a você e ao seu olhar nubígavo. Belas nuvens coloridas. A saga de quem entrega-se ao poema, à vida, aos amores. Suas palavras traduzem a angústia, árdua tarefa, do artista! Um beijo, querido! Rita

    ResponderExcluir
  4. Ana é um prazer ler o que você escreve e fala.

    ResponderExcluir
  5. Um brinde Rita,mas eu quero celebrar suas constantes visitas,suas delicadas visitas.
    outro beijo

    ResponderExcluir
  6. Abracei-me ao poema como se abraça a um velho amigo de rudeza delicada...

    ResponderExcluir
  7. Oi Mari, poemas são mesmo assim braços,asas, mesmo para um pássaro sem asas,
    e seu coração coto que debate-se ante o céu azul.

    ResponderExcluir
  8. doeu em mim imaginar Rimbaud morrendo enquanto olhava o céu

    ResponderExcluir