segunda-feira, 21 de março de 2011

A transubstanciação de Van Gogh



Van Gogh
vivo,
já dava sinais do que viria a ser,
andava pelas ruas de Arles
manchado de tinta, doentias manchas de tinta
na pele.
Tinta nas mãos, roupa,
tinta no rosto.
Respirava ar pintado com odor de tinta.
O absinto verde espalhado pelo corpo.
Quando morreu,
a transubstanciação se concretizou
não há mais carne.
Ninguém mais lembra dele
como homem,
mas como um auto-retrato
de orelha cortada.
Van Gogh
o homem que se transformou em pintura.


Poema de Solivan
Ilustração de Van Gogh

5 comentários:

  1. tenho pensado nisso, Solivan:
    onde permanecer...onde se eternizar

    ResponderExcluir
  2. em musica Neuzza, você vai transformar-se em música.

    ResponderExcluir
  3. Neuzza em música rara, sublime. E você Solivan, em imagens, palavras imagéticas. Quanto a Van Gogh, quanta carne e suor há nesses autorretratos, hein? Quanta força humana perecível há em suas pinceladas e nos gestos de corte, de desespero. Quanto amarelo há em sua alma. adoro uma tela chamada os comedores de batatas porque há a ausência da sua marca colorida. Até quando ele é sombrio, é encantador. Quantos a nós, a mim, o que me cabe é escrever, ler e tentar produzir. Beijos aos dois!

    ResponderExcluir
  4. Rita como eu gosto de sua poesia morena quero que produza muito.
    Sabe Rita estou escrevendo um poema em que farejo um quatro de Van Gogh no masp e sinto o cheiro de seu quarto quente em Arles, de roupas sujas,quando ele estiver pronto mostro para você.

    ResponderExcluir