segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Estranha cidade 1987





Mãe, não vou a barbearia Dalila escalpelar meus
cabelos, nem suturar meu jeans ou fazer uma
reconstituição facial do crânio em minha camiseta,
chuto a mesa de centro, gane com o fêmur quebrado
bato a porta num estampido de tiro,as juritis voam

Crem no local do crime, o canibal é paranaense

Na rua os braços decepados dos ligustros
Céu ferido,o entardecer esta ensangüentado
E agoniza como um corvo apedrejado
Há em mim o grito silencioso, desesperado
Sonar de um animal em extinção no cio

Vodu em uma Barbie com espinho de taquaruçu

A vizinha reza na janela como em uma vitrine
Com seu terço feito de calmantes coloridos
É uma destas senhoras viciada em pílulas
Que pedem para seu marido parar de beber
Já me cuspiu Aves- Maria com hálito de tráira.

O vanerão dos afogados com a noiva do mirante

Passo por bares feitos com araucárias mortas
Salões de beleza e lojas rosnam quando passo.
No restaurante há pessoas desconhecidas bem
Vestidas, em carros estranhos, morreu alguém
Esta cidade só recebe visitantes em funerais

No Paraíso um novo anjo com asas de gralha azul

Cova recente no antigo cemitério dos polacos
Entre rosmeias carpideiras e túmulos cariados
Acendo meu baseado num fogo-fátuo e vou,
Com o spray cheio de sangue de um kaigangue
Atropelado fazer o ultimo grafite no colégio

Fabrica de bestas e mordaças sabor de piroqui


Foto e poemas de solivan

10 comentários:

  1. fabrica de bestas...estamos dentro da fabrica de bestas, fazemos parte da engrenagem e isso pesa...
    Os putos oram suas Ave Marias com gosto de traíra
    A vida é punk, Solivan, e não perdoa.

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  2. o bom de fazer parte das engrenagens e que podemos emperrar, né neuzza.

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  3. ola!
    nos soh naum temos mais pessoas como vc pq nos abrigam a vender nosso tempo e criatividade a trocp de nada!
    mas isso ainda vai mudar lutamos por isso alias

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  4. esta também sempre foi minha luta achar tempo para escrever,hoje consigo,um abraço Andre.

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  5. Dedo na ferida, sem jaulas, sem fronteira, liberdade reprimida e o insano que ha em toda a regra. Alguns como vc conseguem se rebelar com isso. Cidade que recebe poucas visitas como muitos coração que ainda vivem nela.
    Belissimo poema Solivan!!!

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Acertou mari,e um poema de amor não correspondido.(na época)esta frase
    "No Paraíso um novo anjo com asas de gralha azul"
    diz isto.

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  8. ligando os breus dando sentido aos mundos...

    o boitátá ligando um...inédito...

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  9. Adriano,pelo estilo é você,é o boitatá foi isqueiro.

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