sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Queria ser teu braço esquerdo

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Queria
ser teu braço esquerdo,
poema
aquele que não faz nada direito.
O braço esquerdo,
aquela criança
dono de letras e desenhos sempre infantis.
Quero ser
este braço carinhoso
enquanto
o direito escreve,
acende cigarros, faz poema, soca a mesa
você, periférico, na terceira pessoa
como a consciência
acaricia a fronte do poeta
deita langue
gato ou prostituta
sobre a página.
Quero ser teu braço esquerdo, poema
descobri que queria ser teu braço esquerdo
quando
não quis fazer poemas
em teclado algum.
Queria meu braço esquerdo
a acariciar
enquanto escrevo
a coroa de rugas-de-louros, vezes de espinhos
em minha testa.

De Solivan
do livro incoerencias

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