sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Rapsódia sobre a palavra(fragmento)

O som crocante da chuva é sua palavra.

O doce da cana é sua palavra
e o rum, sua ira.

O urro da onça é sua palavra.

O voo da borboleta é sua palavra.

A beleza do pavão é sua palavra.

As fotos de Cartier Bresson
é sua palavra,
e seu discurso.

O amargor benigno do boldo
é sua palavra.

Seu nome é sua palavra
mais íntima.
Seu nome é seu coração,
Sua mão
e o cabelo que cai.
Seu nome tem a mesma cicatriz que você tem
e é seu osso,
e o sexo escolhido.
Seu nome envelhece.
E a ferida no seu corpo
é uma ferida no seu nome.

Por isto a palavra Aleijadinho
é desmembrada
e sua vogais não tem dedos.


De Solivan

3 comentários:

  1. eu já tinha escondido algumas feridas na gaveta, já tinha costurado algumas cicatrizes.
    E agora vem você com as laminas afiadas nas palavras

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  2. Suturar o próprio corte é para corajosos
    Meuzza.

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  3. Silas meu padrinho e lídia sejam bem vindos

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