sexta-feira, 9 de julho de 2010

Falange

Canções de uma banda de heavy metal que nunca existiu


1)Grito biográfico

Eu que obedecendo aos gritos de uma dama de ferro
parei de escalpelei os meus cabelos,
vesti sudários estampados com serigrafia
e fiz de uma bandeira bucaneira minha jaqueta.
Que com os rastos de uma caneta
tatuei nos braços temporárias cobras e cruzes
E na ultima das cadeiras elétricas da escola
fazia canções e iluminuras hereges nos cadernos,
enquanto outros engoliam equações que ainda coaxavam.
Eu que com minha alcatéia,
bebia espumantes poções amargas
recostado em trelizas brancas.
E nos sabados fazíamos pirâmides humanas nas ruas
ou em celebrações tribais ao lado de um riu
bebianos sangue de cana
e assávamos pedaços de manutes
comprados no super-mercado.
Que entediados alugamos um avião velho, já sem azas
e viajamos, bebendo, brigando e parando nas danceterias.
Ate o paraquai onde comprei chicletes coloridos.
Eu que transformei uma armadura medieval em moto
e galopando este magro vento de metal
atravessei a avenida brincando com uma tempestade
e rasquei uma neblina âmbar tingida pelas luzes das estrelas elétricas.
Que desci pelas escadarias do templo
com uma linda menina de cabelos vermelhos
pira sedosa tratado com xampus e amaciastes.
Eu que numa esquina suspeita de Curitiba
receptei um grifo que ficou no meu ombro como uma rêmora
e o alimentei com pedaços de aço.
E viajei para o sul ouvir venenos,mas o saba foi cancelado
então fui ao cinema ver sons violinos esfaqueando
uma moça no banho,
e me auto-condecorei com bootons
em negras lojas.
Eu que fui preso por acariciar um
peixe ornamental na rua.
Meus dedos ainda tinham cheiro de peixe
quando um soldado do exercito de bobos da corte
me disse “vou te soltar pelo seu pai”
e respondi. “Se for pelo vendedor de combustíveis fosseis
pode soterrar a entrada novamente”.
Então passei a noite com uma ladra vestida de noiva.
e ouvindo os gritos de um assassino tento pesadelos.
“Alice com laços vermelhos saindo do corte,
Alice caindo,Alice se transforma em ofélia no fundo do poço.”
Eu que fui apedrejado pelas lagrimas de minha mãe,
mas evitei sua santificação pelos meus pecados
recusando me a injetar o bico do beija flor no meu braço
para espremer seu corpo ate ele vomitar nectar dentro de mim.
Eu que quebrei suavemente um diamante
que sangrou rubis e fui embora atravessando arvores retorcidas.
Que guardei uma mansão abandonada,
solitário sem nem uma mesa de centro para afagar,um sofá para me dar colo
e fiquei deitado em estado vegetativo,
me alimentado por fotossíntese e café solúvel requentado.
Eu que vendi recipientes feitos de seiva
que serviam para se por um pedaço de atmosfera.
E trabalhei em uma loja de materiais de construção
cheia casulos de maldade, charques e pernis de ódio pendurados,
onde lutei com um Ogro cheio de varejeiras,
ate jorrar rosas vermelhas pela minha boca como uma estatua de fonte.
Eu que atravessei a transamazônica em um navio negreiro,
como não tinha lugar nos rotos e remendados tapetes voadores
estendi meu lençol de faquir no corredor.
E na madrugada masturbei uma lactente no cio.
Que vi do outro lado do riu ing e iang
uma cidade cheia de vida como um antigo cemitério no dia dos mortos,
com urubus sobre as casas tumulares,
e conheci suas lojas
que vendiam cocares e vídeo-games ,bordunas e televisores.
Eu que voltei para casa com saudades
de folhear meus recipientes de musica,
de rever sua decoração e beber os sons pesados num brinde nórdico
e limpar os cantos da boca com o antebraço.
Eu que morei num lobo branco de geada
e fiz aulas de pintura no seu estomago com estantes e bibelôs.
E com meu cinzel amei uma das três graças de Rubens
em uma casa feita com de carne de pinheiros.
Que conheci um amigo que também
era uma ovelha vestindo pele de lobo,
e jogamos ruprestes vídeos- games
ouvindo bocas-crisóis cuspindo lava
e conhecemos um templo Egípcio sombreado por araucárias.

De Solivan

4 comentários:

  1. Olha eu aqui outra vez, sempre encantada com seus textos, riquíssimos em detalhes!

    Gostei muito Solivan!

    beijo e bomfimdesemana

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  2. Uma homemagem ao que eu pensava na adolecencia e juventude e a minha vontade de ser rockstar
    Beatriz.

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  3. star poeta, Solivan, em estado permanente,
    assim febril, é o que se pode ao invés de popstar. E isso é grande, até maior, quem sabe
    bj!

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  4. OI Neuzzinha,é so carinho por uma fase que passei,hoje sou sim poeta, mais que qualquer outra coisa.

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