terça-feira, 11 de outubro de 2011


Dissecação da felicidade

Há felicidade
no crime com o processo envelhecido
como manuscritos do mar morto.

No soco daviniano num estacionamento.

Nos paleolíticas êxtases religiosas pentecostais
porque Deus nasceu numa gruta decorada
com euroques e cavalos.

Há felicidade
quando um sacerdote asteca reencarnado transplanta corações.

Na heresia
ao desrespeitar os dogmas da evolução num gozo
não reprodutivo em um banheiro público grafitado.

No regozijo ocidental
quando maças do Édem envenenadas com átomos
caíram sobre o Japão.

Há felicidade
na satisfação reconfortante
de beber rum pela manha
como Cronos engolindo seus filhos.

No comer um hambúrguer
quando a vaca hindu
e o trigo milenar passam sua vitalidade a um Office-boy.


Na agencia de automóveis
quando um visigodo web design
excitado pelo cheiro de cio dos carros novos
fatia o valor em sessenta pedaços salgados.


Há felicidade
em correr no parque com um Nike novo,
após roubar um cetro.

No trazer
do supermercado carne e cerveja para um churrasco
como canibais trazendo membros e cauim.

Na sonegadora fabrica de iogurtes
que se expandem como macedônios.

Há felicidade
no passear por babilônicos shoppings.

Nos ambientalistas hospedados no Hilton Hotel
como lideres comunista em seus palácios
que qualquer poder é aristocratizante.

No descobrir um novo agrotóxico para figos
cujos componentes químicos são à base de Lívia e Drusilla.

Há felicidade
no assistir corridas de formula um
e torcer pelas bigas vermelhas.

Em beber alquímicos coquetéis em bares.

No poder inquisitorial das editoras
de queimar livro com recusas
ao aprisioná-los em gavetas escuras como masmorras,
seguindo cegamente o Sumo Pontífice Mercado.


Há felicidade
no abortar
com segurança na luxuosa clinica de obstreticia Medeia.


No pedir demissão de um escritório contábil
e ir morar num quilombo.

No usar sapatos de couro italiano
elegante como nobres Maias em pele de jaguar.

Há felicidade
em achar salsichas de hot-dog feito dentro das leis islâmicas.
que Maomé como Cezar se manteve no poder após a morte,
já Stálin foi deposto messes depois de morrer.

No comprar um diamante na Tifany
sem lembrar dos negros cadavéricos como judeus no holocausto.

No vender ovelhas para o frigorífico,
por que matamos os lobos pelo mesmo motivo
que leões matam hienas.

Há felicidade
em comprar um filme pirata do Spider-mam,
tão fácil como comprar imitações
da estatua de Atena na Ágora.

No executivo da júpiter S.A.
com uma prostituta de luxo
vestindo couro de preto de vaca
como Europa.


Na estrela pop deificada como Nero
que cheira coca nos intervalos dos shows.
Mas cuidado, que o inferno
é seus desejos elevados ao máximo.

Poema e fotografia de Solivan

5 comentários:

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  3. Pronto mari já estou sequiando
    seu blog.

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  4. sei lá...
    felicidade é uma palavra que a gente inventou
    pra não ficar tão evidente a nossa miséria, que nenhum desejo, ainda que satisfeito, vai por fim.
    Pensar é intolerável.

    bj
    neuza

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  5. é meuzza é fugaz,mas encontrada em muitos lugares.
    uma fruta que a gente come,sempre o prazer e passa,porem e bom senti-lá.Tambem acho que não e inventada e um sentimento nato.eu colho quando posso.

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